
Como o mundo nos vê? Além das florestas sendo queimadas, do carnaval e do futebol, quais são as outras notícias do Brasil na imprensa estrangeira?
O Brasil tem estado freqüentemente na mídia internacional. Na rede Al Jazira vez ou outra há uma reportagem sobre nós. Ao mesmo tempo que projetam as mudanças do país, essas matérias também mostram problemas da nação. Infelizmente, agora longe do Brasil, não posso mais dizer com certeza se são propagandas negativas de nosso país ou simplesmente a realidade.
Por isso, espero que vocês, leitores, possam confirmar se elas procedem ou não.
Sábado, 22 de novembro, dia em que jornais dos Emirados Árabes Unidos têm mais páginas e encartes (como os jornais de domingo no Brasil), o jornal The National publicou uma matéria da Reuters (agência internacional de informação) intitulada “Cultura do crime rouba os esforços para ficar rico”.
A matéria explica que as conseqüências econômicas devido ao crime no Brasil podem ser vistas em várias esferas, de áreas pobres que ainda não foram tocadas pelo boom econômico até nas menos visíveis como dos manufaturados brasileiros. Explicando que a primeira coisa que um viajante percebe ao chegar ao Brasil é o enorme número de guardas particulares fazendo a segurança de hotéis, restaurantes e mesmo prédios de apartamentos, ou seja, “qualquer lugar onde há dinheiro”, escreve o jornal.
Segundo o The National, os brasileiros gastam anualmente US$ 8 bilhões em segurança privada, o mesmo que os Estados Unidos investiu na contratação do Blackwater (empresa de segurança) durante os primeiros quatro anos na Guerra do Iraque. “Outros valores não tão visíveis são pagos em seguros, carros blindados e helicópteros para se proteger dos bandidos”, explica o diário.
O artigo informa ainda que até o tráfego caótico das cidades brasileiras é por causa do crime, pois “as pessoas tem medo do transporte público e escolhem passar horas no trânsito dentro de seus próprios carros”.
“Tudo isso acrescentado faz com que o “custo brasileiro” de manufaturados seja um dos mais altos do mundo. O gasto desse sistema de segurança privada é enorme, o que representa um custo exorbitante para a economia do país”, continua explicando o impresso.
O exemplo de como o crime está no Brasil é dado através do caso Itaú Unibanco. O jornal diz que o roubo, que durou 10 horas e esvaziou os caixas particulares que continham pedras preciosas e Rolex de coleções, levou uma semana para a polícia começar a investigar.
A matéria termina acrescentando que na verdade o número de roubos a bancos no Brasil diminuiu, mas o que aumentou foi a sofisticação dos roubos. Até o presidente da Federação do Comércio e Indústria de São Paulo, Abram Szajman diz que eles não estão nada otimistas, pois não vêem como reduzir o custo com segurança.
Nos meus primeiros contatos com estrangeiros o tema das florestas era mencionado freqüentemente e ia eu lá explicar como a situação realmente é. A maioria das pessoas não sabia muita coisa sobre o Brasil. Atualmente, porém, vejo que alguns começam a conhecer outros aspectos do país, mas ainda estão longe de terem uma concepção correta de nossa nação. O problema é que muitos não perguntam, mas assumem.