Fábrica humana de medalhas
Parte I - China
O custo humano que alguns países exigem para conquistar medalhas nas Olimpíadas.
Você tem-se perguntado como a China consegue ganhar tantas medalhas? Alguma semelhança com a ex-União Soviética?
Quando a chinesa Ye Shiwen, 16 anos, ganhou duas medalhas de ouro na natação (400m) e quebrou o record mundial com um tempo mais rápido do que o nadador americano Ryan Lochte nos últimos 50m da prova, muitos questionaram se isso não era um caso de doping.
O governo chinês possui centenas de escolas onde a ênfase é em treinos esportivos. Segundo o Daily Mirror (jornal inglês), cada escola é especializada em certas modalidades. Numa reportagem da CBS News (TV americana), Wan Hao, 13 anos, tênis de mesa (ou ping pong para aqueles da minha época), treina para se tornar um campeão mundial. Ele diz que faz isso para seu pai, seu próprio orgulho e para ganhar honra para seu país. Na mesma entrevista, o próprio treinador chinês de ginástica olímpica diz que atletas e técnicos passam por grandes dores e dificuldades para conquistar glórias.
O lado triste dessa história é que jovens são separados de seus pais para o intenso treinamento. O pai de Lin Qingfeng, 23 anos, que ganhou ouro no levantamento de pesos disse que há seis anos e meio não via o filho, e que só o reconheceu quando ouviu o nome dele na TV.
Na matéria do Daily Mirror, o ex-nadador Fan Hong descreve a filosofia de seu país em “competição esportiva é como guerra, porém, sem armas”.
Atletas são totalmente separados do mundo e muitos não sabem o que está acontecendo em suas famílias para não perturbar os treinamentos. A medalhista de ouro do levantamento de peso, Cao Lei só soube que sua mãe havia morrido dois meses depois do enterro.
Claro que nem todo chinês concorda com esse sistema. David Yang, redator do “Sports Illustrated China”, urge o governo chinês para abandonar esse sistema separado entre escolas focalizadas somente em educação esportiva e outras somente em educação acadêmica, para um sistema mais universal interligando ambos e assim dando oportunidades para jovens terem experiências nas duas áreas.
O perigo do sistema separado é que atletas que se dedicaram exclusivamente ao esporte, quando velhos e não tão “necessários” para o país acabam na miséria. Recentemente uma ex- ginasta medalha de ouro foi encontrada mendigando nas ruas de Beijing. Muitos se machucam, perdem o emprego e se encontram na pobreza total.
Genes doping ADN
Na década de 90 a China teve muitos casos de doping. Em 1998 em Sydney uma nadadora chinesa foi pega com uma grande quantidade de hormônio do crescimento, suficiente para suprir toda a equipe chinesa.
Atualmente, os especialistas em esportes crêem que a China usa outros métodos, como o intenso treinamento desde a mais tenra idade e alguns até levantam a hipótese do doping de ADN, substância fabricada em laboratório que estimula a produção de hormônios de crescimento de músculo ou células vermelhas que transportam oxigênio para os músculos.
Desde 2003, o comitê olímpico proíbe o uso de genes doping, mas ainda não há testes que conseguem identificá-los. Em mais ou menos oito anos, a entidade acredita que haverá a possibilidade de testar urina e sangue de atletas para esse tipo de doping e talvez algumas medalhas das Olímpiadas de Londres terão que ser devolvidas.
Na próxima semana, Fábrica de Medalhas Parte II – Estados Unidos.