segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Shopaholic: viciado em compras



Você já adquiriu um artigo e ficou se perguntando se realmente precisava daquilo e depois de um pouco refletir arrependeu-se completamente? Já comprou por impulso?

Moro no paraíso das compras (já falei disso num outro texto). Dubai tem a mesma pronúncia em inglês de DO BUY, que significa compre, uma ordem, não uma sugestão. Neste lugar, todo dia há uma promoção e duas vezes por ano todas as lojas têm liquidação que começam com 25% até 75%.

Essas verdadeiras tentações fazem com que percamos a cabeça. Ainda mais quando vemos algo que custava AED 650* e agora está somente AED 162,50. Até os mais sóbrios dos compradores perdem a cabeça.

Nos Estados Unidos, o brasileiro já é uma das nacionalidades per capita que mais gasta no país, numa lista que inclui o francês, o britânico e o alemão. Em 2010, 1.2 milhões de brasileiros visitaram o país norte-americano e gastaram US$5.9 bilhões, ou seja, US$4.940 para cada turista. “Miami has a Hearty Oi (Hello) for Free-Spending Brazilians”, matéria publicada no The New York Times em 27/12/2011.

Bom, voltando a DO BUY, quer dizer Dubai, ainda há menos turistas brasileiros por aqui, mas o número vem aumentando. Nas lojas já é possível ouvir gente falando Português do Brasil e encantada com os preços. Pois comparando com os preços na terrinha, tudo parece barato por aqui.

Nesta semana, tenho amigos do Brasil me visitando (especificamente de Taubaté) e acabei entrando na dança e comprando o que não precisava. Uma de minhas visitas acha tudo super barato e acaba encontrando sempre algo que é o meu número ou a minha cara (como ela diz) e com boas intenções me convence de que se eu não comprar irei me arrepender.

Há anos que conheço um provérbio de Thomas Jefferson que diz algo assim: “Nunca compre somente porque está barato”. Mesmo já tendo memorizado esta frase e dito várias vezes, ainda acabo caindo em tentação.

*R$ 1,00 = AED 2,00

domingo, 8 de janeiro de 2012

Fora da realidade

Como alguém pode viver num mundo irreal? Será que ainda existem pessoas que vivem fora da realidade?

Acredito que muitos tenham respondido sim a essas perguntas. Mas será que um grande número de pessoas pode viver fora da realidade num coletivo?

Recentemente fiquei chocada ao ver reportagens e fotos da população norte-coreana chorando desesperadamente com a notícia da morte de Kim Jong-il, ex-supremo líder da Republica Democrática Popular da Coréia do Norte.

A Coréia do Norte é atualmente um dos países mais fechados do mundo, onde acesso à televisão e internet é totalmente controlado pelo governo. Somente quem foge do país consegue informar o que realmente está acontecendo lá. Com uma área de 240.540 km2 e uma população de 24.051.218, o país possui a quarta maior forças armadas do mundo, com um contingente de 9.495,000 militares.

Na década de 90, a Coréia do Norte viveu uma tragédia, onde milhares de pessoas morreram de fome. Fotos de crianças esqueléticas apareciam na primeira página dos jornais. Enquanto o povo era dizimado pela fome, seu líder gastava milhões nas forças armadas.

Quando vi multidões de norte-coreanos descontrolados, demonstrando tanto sofrimento com a morte do “querido” líder, comecei a me perguntar se aquilo era teatro ou se realmente o povo estava sofrendo.

Numa reportagem, um desertor do sistema, que atualmente mora na Coréia do Sul, contou que ele trabalhava para o sistema de publicidade do governo e que tinha que criar propaganda para os líderes do partido, quando ele começou a se rebelar, cortarão um de seus dedos. Fora do país, ele continua usando seu talendo, agora desta vez para pintar sátiras do governo norte-coreano.

Conversando com um rapaz sírio que trabalha comigo, comentei meu choque quanto à maneira que os norte-coreanos se comportaram com a morte de Kim Jong-il e meu colega sírio me explicou que o mesmo aconteceu quando Hafez Al Assad (pai de Bashar, atual presidente da Síria) morreu. Ele disse que desde criança os sírios ouvem que o governante é o único protetor do povo, que se ele morrer, Israel invadiria o país e todos seriam aniquilados. Então ele comentou que não estava nem um pouco chocado com as cenas da Coréia do Norte, pois em seu país ele já havia visto a mesma coisa.

Toda essa história me fez lembrar do filme O Show de Truman, de 1998, com Jim Carrey. O filme é uma crônica da vida de um homem que vive numa realidade construída para um show de TV, difundido 24 horas por dia para bilhões de pessoas em volta do globo. Truman começa a suspeitar de sua realidade e embarca numa aventura para descobrir a verdade sobre a sua vida.

Somente depois de 30 anos, Truman começa a notar que sua realidade não é verdadeira. Quanto tempo demora-se para um povo perceber o mundo em que ele vive?

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