domingo, 10 de junho de 2012

Quando o silêncio não é tão ouro assim

Eu sempre fui de falar e em algumas circunstâncias até demais. Desde criança, porém, eu ouvi a frase “o falar é prata, mas o calar é ouro” e toda vez que eu falo, esse provérbio fica martelando na minha cabeça. Quando mais eu penso sobre “o falar é prata, mas o calar é ouro”, mais eu vejo que ele faz sentido, mas gostaria de refletir sobre o outro lado da moeda neste texto.

Quantas vezes pessoas se calam diante de injustiças e não abrem a boca para defender alguém que está sendo injustamente difamado? Será que nesta situação o calar é realmente ouro? Outra questão é saber o quanto vale guardar algo em vez de enfrentar um problema, discutir com as partes envolvidas e se livrar de mal-entendidos. Conheço pessoas que não falam o que pensam, mas guardam amarguras, que segundo psicólogos podem até levar à depressão e ao suicídio. Outras pessoas expõem seus sentimentos e são consideradas indelicadas. Como ter um equilíbrio? O que é melhor, colocar para fora o que pensa e possivelmente ser rejeitado pelos outros ou ficar calado, compactuar com o que foi dito e ser mais aceito?

Falar é essencial para manter um relacionamento saudável. Eu tinha uma amiga que me ligava e depois gastava uma eternidade no telefone sem dizer uma só palavra. Isso para mim era mortal, pois era ela que tinha ligado, mas no final das contas não tinha nada para me dizer. Até o “oi tudo bem”, demorava um tempão para ser respondido. Enquanto ficar calado é uma virtude, uma boa comunicação é importante num relacionamento, assim como oxigênio é para nosso corpo.

Ao dizer que falar é prata mostra que há um valor atrelado a palavra dita, pois quando falamos há com certeza uma troca de informações.
No livro “Taming your tongue” (sobre como domar sua língua), a autora Deborah Pegues diz que o silêncio não é ouro quando é utilizado como maneira retaliatória para expressar raiva numa situação. A Bíblia em Mateus 18:15 diz "Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão."   Jesus recomenda que sejamos assertivos em tomar a iniciativa em frente à uma ofensa. Muitas vezes nos sentimos ofendidos e em vez de discutirmos o problema com quem nos ofendeu, falamos com quem não deveria ou guardamos a mágoa no coração.

Como já mencionei, o silêncio não é ouro quando recusamos defender alguém que está sofrendo crítica ou falso rumores/fofoca. Não podemos deixar que medo de rejeição nos faça compactuar com mentiras sobre o caráter de algumas pessoas.

Silêncio não é ouro quando nos calamos diante de uma decisão, pois acima de tudo quem cala consente. Muitas decisões errôneas são tomadas por causa do silêncio ou abstinência de muitos. Vejam as decisões no Senado ou Câmara dos Deputados, quando leis desastrosas são passadas por causa da abstinência de muitos líderes.

Há um provérbio japonês que diz que “vermes silenciosos fazem buracos nas paredes”. Como diz Deborah Pegues: “manter silêncio quando deveríamos falar certamente fará buracos nos nossos relacionamentos”.                                                                

2 comentários:

Lucimara Fernandes disse...

Marli!!
Adorei o tema! Justamente, porque eu também falo demais... Falo e escrevo... rs. E por mais que eu tenha facilidade de me expressar, muitas vezes, acontece de eu ser mal interpretada. Mas, como escrevi em um texto, ainda não publicado, eu entendi que eu "tenho a necessidade de arcar com as consequências das minhas palavras".
Quanto ao equilíbrio entre o silêncio ser ouro ou prata, voltemos à bíblia e lembremos da passagem eclesiástica "Há tempo de falar e tempo de calar"... Acho que é isso mesmo, saber identificar o momento certo de falar ou não alguma coisa, acredito que este é o segredo, o tempo! Que tenhamos sempre o discernimento de identificar a hora certa!
Um grande beijo, minha amiga!
E parabéns pelo texto! Adorei!

Isa Duarte disse...

Excelente reflexão, Marli. E ficou ainda melhor com o comentário da Lucimara.

Sempre sofri por falar demais e, pior, por falar o que penso. Acho que sempre me faltou identificar o tempo certo de falar e calar.
Em compensação, esse falar demais e sem medo democratiza situações, abre caminhos, garante justiça.

Não é fácil chegar ao equilíbrio e ao ponto de saber a hora certa de falar e de calar. Bem que tento, mas talvez não com tanto empenho.
Vejo que ainda prefiro pagar o preço por errar. Só assim não me sento omissa, nem violentada.

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